17 março 2024

562 - O Palco. Ter Palco. Estar no Palco.

 Corria o mês de setembro ou outubro do ano de 1972 quando entrei no Restaurante Monte Rei e, numa mesa, o Fernando Miogo, o Carlos Martinho e talvez o Gusto de Briteiros me perguntaram se eu queria "fazer teatro".

Embora nunca tivesse feito teatro e poucas vezes assistido, anui e em 25 de dezembro, representamos no Salão do antigo Edifício dos Bombeiros, a peça “Pouca Vergonha” de, salvo erro, Rui Correia Leite.

Estes espetáculos serviam de angariação de fundos que possibilitassem a compra de instrumentos para os Psictos, parte integrante e principal do Grupo Cultural e Recreativa Psictodérmicos.

Mais tarde, por dezembro de 1974, a parte cultural (leia-se teatral) deste grupo, desligou-se dos músicos e juntamente com o D.Cajas, fundou o Grupo Cultural e Desportivo CAJAS que, mais tarde e mais grupos nados/mortos deu origem ao ainda hoje CART – Centro de Actividades Recreativas Taipense que, neste ano da graça, comemorará 50 (cinquenta) anos de existência com muito desporto à mistura e com o teatro arredado da “cena”.

Isto tudo para dizer que uma das orientações do nosso Ensaiador, o Carlos Martinho, era que “no Palco, nunca se viram as costas ao público”. Era uma das suas regras fundamentais. Hoje, mais que naquela altura “o Palco” é o centro das atenções. É no palco que os congressistas expõem os seus pontos de vista; é no Palco que os oradores tentam cativar a plateia; é no palco que as Sessões Solenes se desenrolam; é (para todos os efeitos) num palco que, no Centro Pastoral se desenrola, domingo após domingo, a celebração da Liturgia.

Em todos esses locais, quem está no palco, seja congressista, orador, sacerdote e até acólitos leitores ou coralistas, são objeto de uma perscrutação de tod@s aquelas e aqueles que os escutam.

Este é, para mim claro, o palco da vida, onde os nossos gestos (interpretações) são perscrutados por todos e “às claras”, para todos. Porém, há outros palcos mais escuros ou até, se quiserem, mesmo obscuros, onde os atores, na sombra, interpretam papéis que ninguém vê mas que, mais tarde, todos sentem.

Porém, quando sentimos, já pagamos o bilhete e já nada mais nos resta senão chorar sobre o leite derramado e ficar de sobreaviso em novas investidas dos atores.

Para o final da semana, cá estaremos e entretanto eu vou andando por aí e, por simpatia, também vou assobiando.


22 janeiro 2024

561 - "Isto" a que alguns chamam de política

Não venho aqui desde julho. Mas hoje estou arreliado q.b. para vir e, eventualmente, com cenas em próximos capítulos. Esta coisa das Eleições Legislativas antecipadas está a mexer comigo. Mas, antes de manifestar o porquê da arrelia, gostava de dizer.

Após a saída do meu amigo Carlos Remísio de Castro, fui convidado, pelos quatro candidatos que se lhe seguiram, a fazer parte das listas do Partido Socialista (PS) à Assembleia de Freguesia (AF) de Caldelas - Caldas das Taipas. Por questões familiares, leia-se, por imposição da minha mulher, não pude aceder ao convite dos três primeiros, sendo certo que, já não existindo oposição, fiz parte das duas listas encabeçadas pelo Luís Soares, sendo, na primeira, vogal da Junta de Freguesia, com competências delegadas, e na segunda, eleito entre os pares, para Presidente da AF.

Não sou militante do PS, mas simpatizo com as suas ideias. Votei nos quatro candidatos, não só pelas ideias (deles e do partido) mas porque acreditava que, naquele momento, seriam uma mais valia para as Taipas. Assim os eleitores o não entenderam, exceto quando o Deputado Luís Soares teve a ousadia de correr um grande risco, que valeu a pena.

Terminado este prólogo vamos ao que está em questão: Porque há eleições legislativas antecipadas? Porque se têm de constituir listas para ser votadas? Porque "todos querem ir"? Porque nem todos vão? Estas são as questões que se colocam a muitos, mas que estão devidamente regulamentadas. Podemos ter, cada um de nós, a sua opinião e interpretação, mas estão escritas.

Agora o que não está escrito é o "quem é quem", ou o "quem dever ser o quê" nas tais listas candidatas nos círculos eleitorais. As comissões políticas (CP) concelhias (C) indicam um nome; as CP Distritais (D), reservando os lugares indicados pelo Secretariado ou Secretário Geral (SG) e estes ratificam ou retificam as listas finais.

Agora, quando alguns querem tudo, querem abocanhar o que o povo designa - quanto a mim mal - de tacho, é que aparecem os problemas. E é nesta altura que eu, simples simpatizante de base, pergunto e questiono. Então, uma CP com algumas dezenas de pessoas (CPC e CPD) escolhem e votam quem deve ir pra Lisboa e descuidam aquelas e aqueles que, no dia a dia, aguentam as questões dos cidadãos - muitas pertinentes e outras não - sem meios para as satisfazer e depois, na hora do "bem bom" ou "do melhor" os membros das Juntas e das Assembleias de Freguesia, que dão o coiro e o cabelo para defenderem as "suas damas", não são ouvidos nem achados?

E aqueles com um bom desempenho num lugar "em Lisboa" e que, mesmo assim, se sujeitam ao combate nas freguesias, ganhando-as depois de 12 anos a ver navios e voltando a ganhar no mandato seguinte, são riscados do mapa? E depois vêm falar-me em currículos e competências de outros, que nada ou pouco ganharam?

Sim, sim, porque nomeações não são eleições.

E eu vou andando por aí e, enquanto não encher o copo, vou defendendo, no terreno, muitas coisas que ... não têm defesa.

Um abraço do tamanho do mundo ao meu Amigo e Presidente Luís Soares.

13 julho 2023

560 - As palavras que nunca te direi

Foto gentilmente cedido por Café do Tónio

No Café do Tónio, continuo a passar os olhos pelo jornal, depois do meu primo Chico que é sempre o primeiro. Num destes dias e porque ouvi muito barulho por causa duma intervenção do senhor Ministro da Cultura, pedi o jornal de domingo passado, que por acaso o Tónio ainda tinha, para ler a tal entrevista que tinha gerado tamanha indignação.
Sacado o jornal que já estava "catalogado" para ir para a reciclagem - sim, porque aqui nesta zona da Vila, faz-se reciclagem - procurei o que teria causado tanta indignação aos senhores Deputados da Casa da Liberdade.
Lida a entrevista - não toda mas as partes do alarido - tive de voltar atrás e reler, pois, nas palavras do senhor Ministro, não vi nada de extraordinário.
Aquela dos procuradores de serie B, da década de 80 do cinema americano, estava mesmo muito boa.
No final da leitura, perdoem-me os senhores procuradores, perdão, senhores Deputados, mas dei comigo a pensar quantas pessoas não concordariam com as suas palavras.
Realmente a Comissão de inquérito aos 500 mil da TAP, falou de tudo e mais alguma coisa, ou será, e menos muita coisa?

09 julho 2023

559 - O Fernando, em tempos conhecido como 85.

 
Já não passava por aqui há muito tempo. Hoje, excecionalmente, venho cá. Por um motivo triste, mas que devo registar.
Soube há poucas horas, por telefonema amigo, que o Fernando - o 85 tinha partido. Quando entrei para os Bombeiros, decorria o ano de 1977, o 85 já era Bombeiro de 3.ª. Era dos de Ponte, que com o Chefe Martins e outros, vinham a tempo de apanhar o segundo carro.
Foi um dos que, no famigerado ano de 1987, foi expulso dos Bombeiros por algo que não quero comentar.
O Fernando era um homem simples, afável e que, nos últimos meses/anos, via passear o neto, primeiro num carrinho e agora caminhando, ali para os lados da sede da Freguesia ou do Parque de Lazer.
Num ápice, em poucos dias, deixou de caminhar e partiu.
Ao Fernando - ao 85 - e a uma lista que tenho em casa e à qual vou sinalizando os que partem, a minha gratidão eterna, pelo ato de coragem, de sacrifício e de amizade, que tiveram no longínquo - mas sempre presente na nossa memória - ano de 1987.
Fernando, paz à tua alma e nós, os que restamos dos 14, vos guardaremos na nossa memória, até irmos ter contigo e com os que partiram. 

21 abril 2022

558 - Em alta

Foto: RFX adaptada

Vi hoje no Reflexo Digital que "José Augusto Araújo integra o gabinete do secretário de Estado [da Educação], depois de quatro anos no último executivo de António Magalhães e de 20 anos à frente da Escola Secundária de Caldas das Taipas."

Vi na passada semana, no Diário da República, o Despacho 4374/2022, onde o MAI designou "como técnico especialista deste Gabinete o mestre João Manuel Fernandes da Silva Ribeiro para exercer funções na sua área de especialidade."

Embora o diretor cessante da ESCT não seja Taipense de nascimento, deu um contributo muito grande para que a freguesia fosse destacada no mapa nacional, como tendo uma escola de referência. O Tesoureiro cessante da Junta de Freguesia, nado e criado nesta, deixou a sua marca nas várias instituições onde serviu.

Tendo privado com ambos e tendo os dois como Amigos, sinto-me honrado pelos cargos que passarão a desempenhar. E só espero que nestes novos cargos lhes permitam colocar o seu saber e experiência ao serviço do País, como o souberam concretizar ao serviço da freguesia e do concelho.

E eu vou andando por aí, esperando por mais e boas novidades e, por simpatia, também vou assobiando.
 

14 abril 2022

557 - Lembranças de Páscoa(s)

Há mais de cinquenta anos que fiz parte do compasso pela primeira e única vez. Tenho poucas lembranças. Sei que começamos perto "do Pinto Lisboa", que almoçamos na Casa quase a estrear do Dr. Augusto Dias e do Reitor, a impor o ritmo, que as casas eram muitas.

Numa das primeiras casas - e disso lembro-me bem - o patrão da mesma presenteou-nos com carne cozida e broa que, àquela hora da madrugada, foi que nem caldo.

Tudo isto para dizer que quem repartia o presigo era o S' Manuel Servo. Homem bom que estávamos habituados a ver na Igreja e, algumas vezes, a dormitar na sacristia. De baixa estatura, estava ali, para quem era rato de sacristia, um grande homem, que não deixava ninguém colocar o pé em ramo verde. Nos funerais, quando nos debatíamos para "levar a opa" a voz do S' Manel era respeitada.

Aos 95 anos o S' Manuel deixou-nos. Vai amanhã pelas 18H00 para o local onde, com a cruz ao alto, acompanhou tanta gente. E eu, lá estarei. Para me despedir dum homem de tamanho pequeno, que nunca precisou de se colocar em bicos de pés, para ser visto. Paz à sua alma.

01 março 2022

556 - Cantata de paz.

Um poema da senhora D. Sophia de Mello Breyner Andresen eternizado, para o povo do meu tempo, pela voz e viola de Francisco Fanhais (padre), a "Cantata da Paz" versava:

Vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar. (...) Relatórios da fome, (...) O caminho da injustiça. (...) A linguagem do terror. (...) Vergonha de nós todos. 

Dos povos destruídos Dos povos destroçados Nada pode apagar.

Ouvíamos estes versos dedicados à Guerra no Vietname e em África, poema escrito para uma vigília na famosa Capela do Rato.


23 fevereiro 2022

555 - Ó diabo! Será que foi mau olhado?

 

Precisei de me inteirar sobre um assunto de há vários anos. Como tenho as compilações do RFX fui procurar e, no final do ano de 1995, sim mil novecentos noventa e cinco, vi algo que já tem 25, sim vinte e cinco, anos.
Fica aqui uma foto de um trecho e, abaixo, coloco alguns excertos descontextualizados, como agora é moda.

Aliás, o Hotel ainda não arrancou precisamente porque a Junta de Freguesia levantou algumas questões importantes ao projecto nessa altura. Não estou de acordo com a reconstrução do Hotel nos moldes que está projetada. Um hotel de setenta quartos não tem cabimento. Representa um investimento na casa dos quinhentos mil contos e não vejo em nenhuma área termal fazerem-se investimentos dessa ordem.

(...) Pensamos que o ideal seria algo mais pequeno(...). Com muito menos dinheiro pode-se criar no edifício actual, uma zona com trinta quartos, e talvez com menos salas do que este projeto.

Na possibilidade de querem ler a entrevista, ver Jornal RFX, passe a publicidade, de 1995.

E eu vou andando por aí, expectante, se alguém tirará a razão ao segundo filho do senhor Doutor dos Banhos

02 outubro 2021

554 - E então? Perceberam? O que é um verdadeiro Taipense.

Sítio da Freguesia

Em tempos dizia-se - e eu também - que Taipense era aquele(a) nascido nas Taipas e bebedor da água do leão. Com o passar dos tempos, este doutoramento passou a licenciatura e as cadeiras passaram a ser muitíssimo menos exigentes. Esta semana, ficamos a saber que o Plano Curricular passou a ser o que segue:

Vir às Taipas, com familiares, a partir dos 5 anos;
Ser vacinado na Casa do Canto;
Tirar um dente onde é agora a sede da Freguesia;
Conhecer o salão de jogos do sr. António (genro do Mário do Café);
Conhecer os dois quarteis da GNR e o dos Bombeiros;
Ser cliente da Loja Chamoim e do Restaurante Piteco;
Fundador Cantor e organista da primeira Banda Taipense;
Participar no Torneio do Taipas, ser selecionado e o desporto incompatibilizar-se com os estudos; e
Lembrar-se do antigo espaço do ciclo das Taipas.

Ah! E não resistir a fazer parte duma candidatura à Assembleia de Caldelas, porque o número um de uma das listas concorrentes lhe disse que era um verdadeiro Taipense.

E eu vou andando por aí e, por simpatia, também vou assobiando.


 

24 setembro 2021

553 - Ajudando a perceber... cada vez menos (fim)

Há cerca de quatro anos que não vinha às Caldas das Taipas. Saí da autoestrada, segui por Ponte e ao passar na ponte, vi o parque do turismo com um aspeto asseado e a ponte Romana – como se dizia antigamente – parecia limpa de detritos. 

Ia virar para o parque e, na casa do Ti Manel Padre Santo, vi um sinal a proibir. Mau, que se passa? Segui em frente e fiquei baralhado. As letras diziam “Caldas das Taipas”, mas tinha canteiros com flores. Estaria nas Taipas? Vai daí virei à esquerda na rua que dá à escola do Pinheiral – como se dizia antigamente. Na rotunda via-se o monumento ao Cutileiro. C’os diabos, pensei - anda p’ra’í obra.

Segui em direção à Ribeira e fiquei preocupado. Onde estariam os galinheiros do ciclo – como se dizia antigamente. Tinha um edifício novo. Parecia uma escola de cidade. Continuei e virei na casa do senhor Américo do Questodinho – como se dizia antigamente – segui pela rua de Santo António e virei na rua da oficina dos Amâncios – como se dizia antigamente – para  entrar no parque. Ao passar à casa do Enfermeiro Fonseca não vi o Estaleiro da Praça. Virei para o parque na mercearia do Palhas e, pelo espelho retrovisor, vi na praça um grande cartaz com jardins em relva e os talhos arranjados. O cartaz parecia mexer-se. Pensei: devo estar tolo.

A Alameda Rosas Guimarães tinha os canteiros centrais com bom aspeto e os passeios arranjados. Ao chegar à rua do Matadouro – como se dizia antigamente – vi que o último canteiro era apenas de acesso a peões, com bancos e tudo. Subi a alameda e vi que na praça não era um cartaz. O raio da praça estava bem amanhada. 

Tentei virar para a Lameira, mas era proibido. Segui pela rua Padre Silva Gonçalves e, ao chegar à casa dos Palhas, vi um monumento em homenagem aos Combatentes. Segui para casa e a rua estava alcatroada até ao café do Tónio, onde me disseram que a da Laida e a da Aninhas Cartola também estavam.

Chegado a casa abracei o povo e deram-me mais novidades. Algumas nem queria acreditar, pelo que meti pés ao caminho, saí do loteamento para o Sequeiro e deram-me a novidade que já tinha saneamento. Saí na casa do Tio Bravo da minha mulher e, ao chegar ao Carlitos da Candidinha, virei para a rua do Rabelo. Tinha o paralelo direitinho. Desemboquei no cruzamento com a dos Cutileiros e, alto e para o baile - a praia Seca, estava um espetáculo. Aliás, a área estava o dobro, tinha um bar e umas casas de banho, a rua tinha sido requalificada, o passeio tinha sido completado até à ponte do Rabelo e havia árvores e relva semeada. Levaram-me por um caminho até ao Ave e seguimos por um trilho que ia até ao Parque. Pensei que era gozo - afinal não, ia até ao campismo, continuava pelo parque de lazer e ia até aos moinhos da Levada. Ora toma que já almoçaste.

Antes do campismo viramos para o horto comunitário. Cuidado, estava bonito, bem bonito e cuidado, hortaliças por tudo quanto era sítio. Disseram-me que as pessoas também se tinham mobilizado para fazer alguns canteiros na via pública, que havia uns dispensadores de sacos para dejetos de animais, um parque canino, e que os parques infantis tinham sido arranjados, entre muitas coisas mais.

Segui pelo Ribeirinho em direção aos Banhos Velhos e vi que estava um bocado confuso, diz que era por causa das obras do centro. Tinham começado pela Praça Conde de Agrolongo, descido a igreja até aos Banhos Novos, a rua do prédio do Leites – como se dizia antigamente – e iam até aos Banhos Velhos. Estavam a fazer muitos buracos porque estavam a instalar tudo novo no subsolo: esgotos, águas pluviais, canalizações elétricas, gás, enfim, muitas coisas que não se veem e que nem se deviam fazer em ano de eleições, disseram. 

Não sou contra as obras de beneficiação, antes pelo contrário. Mas gostava de ter algo para recordar do passado. Disseram-me para ir à Pensão Vilas. Continuava a mesma ruína da última década.


E eu vou andando por aí e, por simpatia, também vou assobiando.

20 setembro 2021

552 - Ajudando a perceber... cada vez menos (vi)

Estou prestes a terminar estes garatujos, mas nos últimos dias surgiram alguns temas interessantes em algumas intervenções hilariantes ou até delirantes. Que os políticos - sim, porque quem concorre a eleições, vai exercer política - por vezes, no entusiasmo, frente a uma plateia desmotivada, têm interesse em lançar algumas achas para a fogueira e dizer aquilo que o (seu) povo gosta, mesmo apelar à insubordinação armada, outros há, que fora do calor da luta e frente a um teclado no aconchego do lar, aprovem estas verborreias e ainda as multipliquem, por outras mais delirantes.

E quando esses comentadeiros ou trauliteiros, exercem profissões de docência e perdem a decência, então a coisa fica preta. É que há uma grande diferença entre excessos em campanha, frente aos adeptos e esses mesmos excessos, frente a um teclado. E então, quando esses docentes, estão incapacitados para ensinar, então a coisa ainda é pior.

Estivéssemos nós, no tempo que eles querem que volte pra trás e não publicariam isso, porque o lápis azul, chamá-los-ia à razão.

E eu vou andando por aí e, por simpatia, também vou assobiando.

15 setembro 2021

551 - Ajudando a perceber... cada vez menos (V).

 

Tal como disse no último garatujo o Reflexo saiu na outra semana e dava umas respostas dos candidatos à Assembleia de Freguesia de Caldelas e à Câmara Municipal de Guimarães. Umas três perguntas para outras tantas respostas.

Aproximando-se a última semana de campanha, as propostas dos candidatos - os que as têm - parece que ainda não entraram na cabeça dos eleitores. É claro que para alguns, os fieis aos partidos ou aos cabeças de lista, já têm a sua opinião formada e não lhes interessa qualquer esclarecimento de propostas ou até, as próprias propostas. De nada lhes serve.

Todavia há uma larga percentagem de indecisos - que normalmente são os que dão as vitórias ou as derrotas - que gostariam de conhecer as propostas dos candidatos e até confrontá-los (pedir esclarecimentos) sobre as mesmas.

Penso não estar errado se escrever que, desde quase o seu início, o Reflexo, primeiro com público e depois "à porta fechada", fazia um serviço público, ao entrevistar os candidatos e proporcionar-lhes apresentar e discutir as suas propostas. Parece que - pelo menos já se estará a fazer tarde - vamos perder esta oportunidade de sermos esclarecidos e o jornal, a de prestar um serviço às populações.

A ser assim é pena. Algumas inverdades e outras que deveriam ser ainda mais fortemente classificadas, irão passar em claro - ou em escuro.

E eu vou andando por aí e, por simpatia, também vou assobiando.

10 setembro 2021

550 - ajudando a perceber... cada vez menos (iv)

 

Foto: Charneca antes de cortarem as árvores
Tenho lido em alguns papéis que me chegam às mãos (ou à caixa de correio) e algumas publicações, que não o Facebook, as considerações de alguns candidatos às próximas autárquicas. 

Hoje saiu o RFX. Que faz três perguntas sobre as motivações, projetos e perspetivas para o ato eleitoral. Enquanto alguns querem um lugar na Assembleia, outros querem o número suficiente de lugares que lhes permita ser Executivo. 

O título para cada resposta dos candidatos é sugestivo: o meu candidato diz "Queremos continuar a mudança iniciada há quatro anos" outro que "Os meus projetos continuam a ter o mesmo propósito, fazer a vila crescer", o Jorge Freitas que "Sou um taipense daqueles fervorosos, que gosta e sente a sua terra", o representante do BE, "Acredito que podemos ter uma vila mais inclusiva e sustentável" e, finalmente um jovem que "Vamos à luta, estamos lá aconteça o que acontecer".

Nem todos falaram usando a terceira pessoa do plural, centrando-se na primeira, como se essa apenas contasse. Todos eles podem ter as suas ambições que lhes permita "continuar a mudança", "ter o mesmo propósito", "sentir a sua terra", "ter uma vila inclusiva" e ir "à luta".

Em próxima oportunidade, faremos um rabisco sobre outras afirmações, mas tenho a sensação que há gente que quer fazer dos outros burros com afirmações hilariantes sobre o passado, o presente e, cuidado, sobre o futuro.

Que na hora do voto tenhamos o discernimento para avaliar REALMENTE e não embarcar em fantasias do que é possível realizar e o que é melhor para o coletivo, ou seja, para as Taipas.

E eu vou andando por aí e, por simpatia, também vou assobiando.




03 setembro 2021

549 - Ajudando a perceber... cada vez menos (iii)

Foto: QV
Um destes dias, surpreendentemente, deparei-me com esta via quase romana. Há um bom par de anos que não passava lá. Estava escondida, protegendo uma promessa não cumprida. Subi estas escadas muitos e muitos anos, local privilegiado para sair da casa onde vi, pela primeira vez, a luz do dia.

O Largo da Pensão era ponto de encontro da miudagem dos Cantos de Cima, do Meio e de Baixo, assim como da Avenida da República: os filhos da Licinha da Seara e da Quesinha do Rabata e nada mais. De outros lugares outros se deslocavam, como os netos do S'Zé Custódio e os filhos do Mendes Carrejão.

Ao local que foi de veraneio para imensa gente e de nascimento para alguns dos Vilas, prometeram que o transformariam numa Residencial Sénior/Lar para Idosos. Transformou-se apenas num lugar feio e sujo a que muitos, por razões diversas, chamam de edifício emblemático. De emblema chegou a ter o do S.C.B., que meu pai costumava dizer que ali estagiava no tempo do Fernando Vaz, e que alguns jogadores fugiam, depois do jantar, descendo por um dos candeeiros junto ao quarto n.º 1.

Quando alguns insultam acusando de aproveitamento de outros, com as candidaturas, posso e tenho o direito de questionar se alguém se aproveitou com o investimento absurdo dos impostos dos contribuintes, sim, impostos dos contribuintes, palavra que muitos gostam de berrar, enterrado naquele edifício feio, sujo e emblemático.

Para aliviar a depressão junto a foto de um amigo, com quem tive o prazer de hoje tomar café.
Foto: QV

E eu vou andando por aí e, por simpatia, também vou assobiando.

30 agosto 2021

548 - Ajudando a... perceber cada vez menos (ii)

Antes de começar este segundo comentário, faço um aviso à navegação: nas últimas autárquicas apoiei e fiz parte da lista do Partido Socialista à Assembleia de Freguesia de Caldelas - Caldas das Taipas e, por proposta do Presidente de Junta, fui eleito pela Assembleia para membro do Executivo. No entanto, continuo a ser um cidadão livre e independente, não tenho nada a ver com qualquer partido a nível local, concelhio, distrital e, obviamente, nacional. Daí que, as coisas que se passam nos partidos, vejo-as como espectador e posso discordar delas, sem dever fidelidade ou encarneiranço, seja a quem for. No entanto, tenho as minhas simpatias partidárias e, dentro dos partidos, pessoais.

Temos assistido, nestes últimos quatro anos, a uma política radicalmente diferente dos reinados anteriores. O arremesso sistemático de pedras e pedregulhos, foi substituído por urbanidade, diálogo, reciprocidade e respeito. Sem deixar de "negociar" entre iguais - e percebendo as devidas dimensões - este executivo tem levado a água ao seu moinho.

Seria interessante verificar as diferenças entre 12 e 4, ou seja, entre os doze anos que antecederam os últimos quatro. Há respeito recíproco entre duas entidades e os entendimentos são conseguidos, a bem da freguesia e do povo que nela habita.

Apenas mais um parágrafo, que o texto já vai longo: alertaram-me para as palavras de alguém que terá dito que o atual Presidente da Junta se serve do lugar para que foi eleito, para colher benefícios para si próprio. Sobre isto, questiona-se: A profissão/ocupação de Luís Soares fica beneficiada com o cargo de Presidente de Junta? Tem alguma empresa que possa fornecer bens ou serviços à Freguesia? Precisa de contactos (mercê da sua eleição) para conseguir benefícios noutras entidades para si próprio? Não vejo a ligação. E, a quem diz as verborreias acima citadas, deve-se perguntar: então o homem é deputado da Assembleia da República e as funções de presidente de Junta é que lhe dão notoriedade?


E eu vou andando por aí e, por simpatia, também vou assobiando. 

26 agosto 2021

547 Cada vez percebo menos.

Foto: QV
Sei que estas coisas que vou para aqui garatujando não interessam nem ó Menino Jesus, daí que, escrever qualquer coisa é como "fazer o bem" nas palavras do meu primeiro patrão. Curiosamente terminei a vida ativa de quatro décadas, com o neto desses mesmo primeiro patrão que, entre a amizade, respeito e muito mais, me legou também um quadro, com letras gravadas na madeira. José Rodrigues Guimarães, a quem muitos chamavam acrescentavam "Figueiredo" dizia:
Fazer mal não, que é pecado. Fazer bem, é perder tempo.

E o porquê de me recordar da frase do quadro que mantenho em casa? Se trocar algumas palavras, a frase poderia ser: Concordar com mentiras não, que é pecado. Desmascará-las, é perder tempo. Ou como soe dizer-se: é dar pérolas a porcos.

No entanto, perante a grande onda de desinformação que se espalha por todo o lado, sem custos para o utilizador, não resisto a colocar em reflexão, algumas das mentiras que p'ra''í andam. Fá-lo-ei em próximas garatujadas, mas gostava que os meus amigos fizessem um exercício mental, tipo sudoku ou palavras cruzadas, sobre a verborreia que por aí gravita.

Gente que saiu do armário, como se nunca lá estivesse; gente que não mexe uma palha e depois diz que carregou um camião de bois com centeio; gente que sempre ofendeu e blasfemou e agora defende e louva as mesmas pessoas; gente que nunca esteve interessada e agora diz que muito/sempre se interessou.

Nestas questiúnculas tudo serve para denegrir, para atacar e para ser juiz em causa própria e ofendido em causas que são de outros.

E eu vou andando por aí e, por simpatia, também vou assobiando. 

08 maio 2021

546 - Agradecimento

O meu irmão Zé não resistiu e deixou-nos ficar.

Agradeço à sua mulher e minha cunhada, os anos que com ele viveu.

Agradeço aos meus sobrinhos José Luís e Sara Maria, os bons filhos que foram para ele.

Agradeço e ficarei refém desse agradecimento até que parta também, aos: 49 - 65 - 41 - 33 - 72 - 86 - 85 - 83 - 92 - 95 - 55 e 106, pela fidelidade demonstrada, apanágio de Homens fieis intérpretes da dignidade e da honra, que tanto os prejudicou.

Agradeço a todas e a todos que, ao longo da sua vida, foram seus amigos.

14 março 2021

545 - Por respeito (2)

Faz hoje um ano que coloquei esta mensagem no meu Vilasdastaipas. O que disse naquela, repito nesta. Tenho, porque não o perco, um enorme respeito pelo Dr. Mário Dias. Pelo Presidente da Junta que, após um ligeiro interregno de uma Comissão Administrativa, foi eleito para o lugar ocupado por quatro décadas pelo Vilinhas Pequenino.

Depois de ter aliviado do sofrimento muitas e muitas pessoas, sofreu para nos deixar faz hoje um ano.

Hoje como ontem, recordo o seu apoio e a sua crítica à atividade da sua Junta, com um simples telefonema, com uma mensagem breve. Parece que ainda o estou a ouvir:

Quim. Já disse ao Taibueiros. Está um buraco junto à...

Amigo, muitos buracos já foram tapados e todos os que aparecerem, também serão.


06 março 2021

544 - Mal prega frei Manel.

Corria o primeiro ano da década de 60 (acho eu, porque já vai há muito) quando a família do Custódio Vilas pegou nas armas e bagagens que tinha na Pensão Vilas e rumou a Terras de Sande, mais concretamente para o Lugar da Ribeira.

Nessa altura, embora o Padre António ainda fosse vivo, quem paroquiava a freguesia era o Dr. José de Jesus Ribeiro, homem inteligente, sabido, perspicaz e grande pregador. Ainda me lembro - porque meu Pai era quem lhe fazia os serviços de carro de aluguer - que era convidado amiudadas vezes para, do púlpito de diversas paróquias, prender os fieis com os seus sermões. Até a Cidade dos Arcebispos o acolheu várias vezes, na Semana Santa, para "pregar" na procissão do Enterro do Senhor. O Dr. Jesus Ribeiro defendia com ardor os temas abordados no sermão, não fora ele um servidor da Fé Cristã. Logo, acreditava na mensagem que passava para os fieis.

Presentemente também existem outros Drs. Ribeiro que, não nos púlpitos das paróquias, mas noutros, também tentam pregar e convencer os seus fieis (se é que os tem) dos benefícios da sua doutrina. Só que o seu sermão não tem substância, é fraco e nem mesmo o pregador tem fé no propalado. E não confiando no que diz, até escreve inverdades (para não lhe chamar outra coisa) e tenta alterar o curso da história, mercê da sua ignorância sobre o passado da Vila, dando a paternidade a coisas que não são, nem foram, dos pais que ele invoca.

"Mal prega frei Manel" e com estas pregações, outra banhada se perspectiva.

E eu vou andando por aí e, por simpatia, também vou assobiando.

31 dezembro 2020

543 - Mais um.


Faltam algumas, poucas, horas para terminar mais um ano. Estamos prestes a dizer adeus ao 2020 e preparados para receber o 2021. Não com beijos e abraços, mas, digo eu, de braços abertos. Com coisas complicadas que se nos depararam neste ano que agora finda, mas com coisas positivas de que o mesmo também foi pródigo. E que continuará em 2021, com coisas negativas e positivas.

O covid continuará a andar por cá: a máscara continuará a fazer parte do nosso quotidiano; a desinfeção/lavagem frequente das mãos continuará; a proibição/não aconselhamento de ajuntamentos será um facto. Claro que isto será para mim e para outros como eu, porque há muita gente que acha que "a eles nada lhes pega".

Cá pelo nosso burgo, apesar destes constrangimentos e cuidados, o ano de 2020 foi pródigo em realizações. E o 2021 continuará a sê-lo: umas para continuar, outras para terminar. Sim, estou a falar de Obras. Com "O" grande. Obras almejadas e sonhadas - para não dizer reclamadas - por todos e que finalmente estão no terreno.

A requalificação do centro; a alameda Rosas Guimarães; a Praça. As duas primeiras executadas diretamente pela Câmara Municipal de Guimarães. A última, a expensas da Freguesia. Obras de que nos podemos orgulhar, porque todos as queríamos e todos as achamos necessárias. E quando digo todos, refiro-me mesmo a todos: aos eleitores, que viram nos programas eleitorais que sufragaram, anos a fio, estas obras. E votaram nos partidos, a contar com elas.

E quando alguns, agora, as dizem como não necessárias, extemporâneas, fora de tempo, só têm uma razão para o fazer: dor de cotovelo e pouco de Taipense(s).

Bom ano de 2021.

20 dezembro 2020

542 - 4 meses depois e muitos depois

Todos (?) andamos preocupados com o COVID. Ou, se não andamos, devíamos andar. Eu ando. Muito. A coisa não é para brincadeiras. Mas não vos vou falar/escrever sobre as cautelas a ter com o dito cujo. Não, não tenho competências para tal e, para dar palpites, já anda para aí gente demais. E há palpites a mais. E cada um deles diferente do anterior. O povinho quer é tempo de antena, para covidar e conseguir algum protagonismo. Vou falar não da prevenção mas das causas laterais do bicho.

De vez em quando toca o sino - mais alguém que partiu, mais alguém que nos deixou. Mais algum que deixou a família, a vida, a vila, os amigos. É e será a Lei da Vida: nascer, crescer e partir. Aparentemente tudo normal - é e será a Lei da Vida. No entanto, este maldito COVID, além de originar a partida de alguns, impede-nos de nos despedirmos de quem parte. 

Na estação (Capela de S. Tomé) não podemos dizer o último adeus, confortar os familiares, recordar os bons momentos que passamos, dar aquele abraço aos familiares e derramar a última lágrima sobre os que partem. Tudo proibido, em nome da saúde pública.

No entanto, este não dizer adeus, este não poder confortar e abraçar os familiares e os amigos, parece que nos deixa empedernidos. Em vez de abraçar, encolhemos os ombros e balbuciamos - "Paciência, é a lei da vida". Em vez de presentes, estamos ausentes. E depois, porque o bicho nos impede de andar a vaguear pela rua, sabemos de muitas e muitos que partiram, apenas passados vários dias. Parece que o partir, com mais ou menos idade, passa a ser algo natural, passa apenas a um encolher de ombros. E ao balbuciar: paciência.

Desde estes confinamentos que nos impedem de participar nestas cerimónias, que muitas e muitos de quem eu nos quereriamos despedir, partiram sem o podermos fazer. Sem poder abraçar os familiares, sem contar a última história, sem avivar a última lembrança.

Daqui, deste espaço, um abraço aos familiares dos que partiram, sem que eu pudesse despedir-me.

13 agosto 2020

541 - Aborrecidos

Usualmente, passando por alguém e depois do bom dia, boa tarde ou boa noite, "conforme a hora e o local onde nos encontramos" - como dizia o outro - costumo introduzir o "então tudo bem?" ao qual, algumas/muitas das pessoas respondem com um "que remédio", que me deixa sempre baralhado. Por vezes e se a confiança o permite, returco com um "que remédio, não, ainda bem. Que remédio seria se estivesses doentes e... não tivesses remédio".

Sei que as pessoas atiram com a resposta que detesto, sem que a frase queira definir um estado de espírito, mas, muitas vezes, respondemos com a negativa à frente. Resumindo: somos pessimistas por natureza. O pessimismo vem, sempre, antes do otimismo, mesmo que este seja mais forte em detrimento daquele. É feitio. Mau feitio, digo.

Há gente que está sempre enfadada, mal disposta, trombuda e contra tudo e contra todos. É feitio. Mau feitio digo. Lá pela Pensão Vilas, local onde nasci, tinha os dois estados de espírito: minha Mãe sempre pessimista; meu Pai, um otimista por natureza. A minha Mãe seria feitio; o meu Pai seria estado de espírito.

Eu, por vezes, também acordo para o lado contrário. E - por feitio, mau feitio - chego à avenida da República, de trombas e desanimado. Com o passar do dia, as trombas vão desaparecendo e volta o otimismo. Apesar dos pontapés. Apesar das caneladas. Apesar das calinadas. Estas - as calinadas - que ao princípio me aburrem, com o desenrolar do dia, vou "botando elas" pra trás das costas e deixam de ter importância. "São vozes de finos, que não chegam ao inferno." E eu lá vou andando; e muitos lá vão andando; e cada vez mais, lá vão andando. E os das calinadas, vão ficando, cada vez mais sós, mais tristes e mais amargurados. E esses, esses sim, é que têm razão para ficar enfadados, mal dispostos, trombudos e, acrescento tristes, e contra tudo e contra todos.

E eu vou andando por aí e, por simpatia, também vou assobiando.

06 agosto 2020

540 - As férias, por pouco tempo que seja, devem ser para desligar.

Porque o ano é longo e a minha mulher precisa de descansar da lide do COVID19, fomos passar uns dias, muito poucos por sinal, fora da vila termal. O nosso filho esteve cá uns oito dias - qual emigrante dos tempos modernos pois no antigamente era um mês sempre a rufar - e alguém lá por casa, disse que precisávamos de "desligar" pois, de outra forma, não aguentávamos mais um ano.

Para espanto meu, o desligamento decretado era de computador, telemóvel e tudo o mais, que me fizesse manter a ligação ao n.º 479, da Avenida da República.

O decretado é decretado e... bico calado. Assim sendo, muni-me de leitura capaz de bulir com as árvores e despertar da luta de umas partidas de cartas de que, apesar de ter ensinado à minha adversária, levo de vez em quando umas banhadas nada agradáveis.

A verdade é que, de meia dúzia apenas consegui arrumar com dois. Uma semana é pouco. Não chega para nada. De regresso ao quotidiano, mais do mesmo. Blá blá, que não se faz nada. Blá blá que não devia ser assim. Blá blá, que o que ontem era urgência, hoje não presta. Blá, blá, blá.

Despertei para a democracia com 19 anos e meio. Despertei para "O Comércio do Porto" desde que me conheço. Despertei para a colaboração em jornais, com vinte e poucos anos. Despertei para os bloggers, em outubro de 2006 (dois mil e seis). Ainda não consegui despertar para o FB... e já estou cheio dele. Blá, blá, blá. Pessoas com e sem rosto, diariamente, vomitam ódio nesta rede, que se queria social. Criticam por criticar. Mentem por mentir. Aldrabam porque são aldrabões. Mentem porque são mentirosos... e porque ninguém está para se dar ao trabalho de os desmentir.

Que odeiem, que critiquem, que mintam, que aldrabem, que, que, que. Mas, já agora, como dizia Tiago: "Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras."
Eu, com o devido respeito, adapto a frase:
Tu tens a crítica, e eu tenho as obras; mostra-me as tuas obras, e eu aceitarei a tua crítica.

Boas Férias, para quem as tiver.

22 julho 2020

539 - O Jornaleiro, espécie em vias de extinção.

Mercê da minha bonita idade, passei por diversas transformações da sociedade/vida dos portugueses e, portanto, da minha. Na juventude e até aos 17 anos, os meses de verão eram passados na Piscina da Junta de Turismo onde, entre dois mergulhos nas horas mais calmas, atendia os Clientes no BAR, que meu Pai era arrendatário e a minha Mãe “a Patroa”.

Naquele local conheci e convivi com diversas mulheres e homens que, nos meses de verão, angariavam meios de subsistência para passar um inverno mais confortável: A Joaquina “Coturela”, a Rosa Magalhães, a Rosa da S’ Claudina, a Rosinha Jabeis, a S’ Maria Emília e tantas outras.

Nos homens o Sr. Neves, o Francisco, o S’David, o S’ Manel Duarte, o irmãos Bento e Custódio Cunha, o Américo, o Joaquim “Pito” e outros mais. Com todos convivi e com o Zé Pereira (filho da S’ Margarida Brinca) aprendi a fazer as palavras cruzadas, arte em que ele era exímio.

Durante todo o ano o Ti Manel Padre Santo deambulava, dia e noite, entre “o motor” e o resto do parque, ora vigiando para que a água não faltasse na Piscina, ora impedindo que nós fossemos às castanhas.

Na parte exterior, já não me lembro se todo o ano se apenas no verão, tínhamos os Jardineiros e os Jornaleiros. Na classe dos primeiros, ou na primeira classe, o sempre resmungão João “do talho”, para quem nada estava bem. Os jornaleiros, outra classe, cuidavam da limpeza do Parque e dos recintos desportivos, mas não mexiam no Jardim. O S’ Manel “Chouriço” e o Ser’António (de Souto) são os que melhor guardo na memória.

Esta última classe, “Os Jornaleiros”, paulatinamente foi perdendo preponderância. As pessoas deixaram de ter quintais e “as jornas” deixaram de se realizar, pese embora a classe de jornaleiros não fosse extinta e ainda hoje exista, mas noutras missões. Estes jornaleiros eram bons Fazedores de Buracos. De sachola em punho, procuravam e procuram escavar os buracos mais recônditos. Catavam o bicho que, segundo eles, estragava a terra, e adubando-a a seu bel-prazer criavam o cenário para dar o fruto que eles quisessem cultivar/fazer crescer.

Os “Jornaleiros” e os “Fazedores de Buracos” ainda por aí andam, mas a sua missão não é tratar a terra, antes pelo contrário, é criar a aridez, para que os seus serviços não sejam dispensados nem eles caiam no esquecimento e no desemprego.

E eu vou andando por aí e, por simpatia, também vou assobiando.


11 julho 2020

538 - Taipas Turitermas.

Documento "coleção privada" de QV

Sem procurar muito e sem dinheiro para colocar alguém a “procurar” por mim, de vez em quando ao tentar arrumar a cave aparecem-me papéis, alguns já velhos e desbotados, mas que têm sempre alguma coisa de atual – caso queiramos que assim seja porque “quando o homem quer…”.

Este, datado de 26/05/1986, é um escrito que enviei para o jornal “O Povo de Guimarães”, onde entrei pela mão de Álvaro Nunes e onde tive outras referências para acompanhamento, nomeadamente o filho do Nicolino-Mor - Rocha também de nome e engenheiro (também) de título.

Este papel é o relato da primeira Assembleia Geral da Cooperativa Taipas Turitermas, criada em 1985 quando Manuel Ferreira era Presidente da Câmara e assumiu a presidência provisória da Cooperativa até as eleições relatadas neste papel/fotografia, que se efetuaram em maio de 1986. No papel destaco a postura do representante do acionista maioritário de não votar qualquer assunto da Assembleia, de modo a deixar na mão dos cooperantes os destinos da Cooperativa.

Quis o destino, ou o acionista maioritário, que o nome Ferreira voltasse a presidir à Cooperativa mais importante do concelho. Depois de Vereadores da Câmara, de um Presidente de Junta, de candidato a Presidente de Junta e de um membro com dez anos de direção da cooperativa, a confiança política para o cargo volta a cair num Vereador. Quando escrevo confiança política é isso mesmo que quero dizer. Numa casa onde eu sou o principal responsável, só posso delegar em quem acredito e confio. Nesta nomeação é apenas de estranhar que as carpideiras, que em mandatos anteriores queriam a Junta de Freguesia a presidir à Cooperativa, agora tivessem esquecido esse pormenor.

Conheço a Vereadora Sofia Ferreira há pouco tempo. Já quanto aos progenitores, o caso é diferente, mercê do mediatismo de um e do trabalho nas Caldas das Taipas de outra. No entanto, nos poucos tempos de convivência, vejo na senhora Vereadora algo mais que a confiança política do Presidente de Câmara. Vejo nela alguém interessado, dialogante, persistente e que será competente para assumir o leme desta nau.

Pela minha parte, e desde 1986, contará com a presença nas Assembleias Gerais e nelas apoiar as medidas que achar boas e discordar das que achar piores. Na sua nomeação tenho uma certeza: fará o melhor que puder e souber, para defender a Cooperativa, mas também as Taipas, o concelho e o nome de quem tornou possível, no longínquo ano de 1985, a reabilitação das Termas das Taipas.

Seja bem vinda, senhora Presidente.

Eu vou andando por aí e, por simpatia, também vou assobiando.